A
Sabedoria de Deus...
E depois...
--- Quer saber de
uma coisa? - falo, com meus botões. --- Apesar
de ser um dos maiores fãs de Deus, têm
horas que não consigo Entendê-lo! - continuo,
olhando para o infinito.
--- Puxa! Como é que pode? - solto o desabafo,
sozinho na sala escura.
Estava ali, num cantinho da sala, e a tv passava um
daqueles filmes antigos. ( Quando digo antigo, é
antigo mesmo! Tipo Charles Chaplim, Oscarito, Grande
Otelo, Eliana...)
--- Ah! A Eliana!
Ela estava tão linda... Um sorriso de deusa
e o andar por cima das nuvens que nos convidava ao
passado. Os olhos, vivos e radiantes, mostravam na
tela um jeito delicado, puro, próprio de uma
pessoa que, mesmo que quisesse, não conseguiria
carregar maldade em seu coração.
Aí, depois de olhar com mais atenção
as cenas que desenrolavam na tela, olhei nos olhos
dos outros participantes e vi que eram os mesmos olhos,
talvez com os mesmos sentimentos. Pessoas que não
conheceram os dias de hoje. Dias em que não
podemos confiar em ninguém. Pessoas que viveram
em uma época, como dizia meu pai, em que um
fio de barba era a garantia de honradez.
Os carros que passavam na fita, peças de museus
já naquela época, porque estávamos
atrasados e continuamos atrasado, pareciam verdadeiros
tanques de guerra nas ruas. Sem nenhuma graciosidade.
Não faziam barulho, mesmo na fita.
Mas, voltando a Eliana, onde estará? - me perguntei.
---Será que está viva?
Naquele momento o coração bateu mais
forte, ao imaginá-la uma senhora, de cabelos
brancos, pele machucada pelo tempo...Não estava
nos meus planos, vê-la desse jeito. Eu que estava
acostumado vê-la todos domingos nas tardes nostálgica
da tv, mostrando a sua beleza juvenil, não
queria admitir que o tempo a tivesse atingido, porque,
para mim, ela continuava por aí, sempre jovem
e bonita. Não podia envelhecer, tamanha criatura!
Corri para a internet e por mais de duas horas naveguei
e, naveguei, por centenas de sites à sua procura.
A vi muitos lugares, em muitos rostos, visitei o tempo
antigo.... por instantes, era como se eu estivesse
lá, 1940....1943.....1950....
Me senti, bom, puro, e digno de olhar nos olhos dos
outros, olhar para o mundo sem medo e sem precisar
mentir. Vi até a Eliana, caminhando divinamente
pela Avenida São João, vestindo um lindo
tailer branco, com uma echarpe sobre os ombros..
Mas tive que voltar....Voltar e encarar a realidade
do meu tempo. Conviver com os meus pecados de cada
dia. (Os meus e os do resto do mundo).
Agora, sentado aqui na frente da tv novamente, vejo
nos olhos daqueles que estão trabalhando na
fita, a sombra da morte. Quantos ainda estarão
vivos?
Quanta beleza se perdeu em meio a rugas, e marcas
do tempo. Por isso, pensando melhor, retiro o que
disse no início. Deus é sábio,
como sempre foi. Os criou e aqui os mostrou, e deixou
que eles nos encantassem com a sua beleza, com a sua
ternura e inocência. Depois, quando o tempo
deles terminou, os escondeu dos nossos olhos até
chegar o dia deles, quando os recebeu, a todos eles,
em Sua casa, como um dia nos receberá, depois
de cumprirmos o nosso tempo..
E a Eliana, uma das nossas mais queridas atrizes do
cinema brasileiro, " a mocinha" de todos
os filmes da velha Atlândida, que sempre se
casava com o "mocinho" do filme, moça
prendada e de beleza sublime, nascida em 21/09/1926,
morreu no dia 18 de julho de 1990, longe dos nossos
olhos e ... levou o seu sorriso com ela.
Sempre a verei linda e inocente...
Valdir R. Silva
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