Guerreiras Amazonas
No começo do século XVI uma expedição de aventureiros a mando da Igreja Católica Romana penetrou na selva amazônica à procura das lendárias Guerreiras Amazonas. O encontro entre estas duas forças foi um desastre para os brancos invasores.
Foram aniquilados sem piedade, e os poucos sobreviventes foram levados para a cidade das guerreiras para servirem de escravos e reprodutores, na época da festa da lua.
Mirina, a rainha e sacerdotisa das amazonas, assume o posto de Grande-Mãe da tribo, logo após este confronto. Ela é jovem e inexperiente na arte da guerra, mas é uma excelente estrategista.
Um ano e meio depois as guerreiras amazonas voltam a enfrentar os brancos invasores. Dessa vez, eles são capitaneados por Rodrigo de Alencastro Ribeiro de Marselha Castanhedos e Pessoa, jovem português, natural de Lisboa, que vem em busca do seu avô, o comandante de caravana perdida.
Para Rodrigo, homem da corte portuguesa, a selva era um retrato vivo do inferno, e ele sentia este inferno na pele a todo momento. Perdeu a conta dos ferimentos, dos inchaços e hematomas do corpo. Até aquele dia, antes de embrenhar nas matas da selva amazônica, nunca havia sentido a presença da morte tão perto de si. Ela estava em todo lugar, escondida até num inseto pequenino. O homem precisava respeitar a selva, se quisesse sobreviver. Mas a vontade férrea de vencer todos os obstáculos, não o deixa esquecer a sua missão. Nada o fará parar, enquanto não tiver a certeza absoluta que a sua viagem foi em vão e o avô tenha perecido, ou na melhor das hipóteses, o encontre com vida. neste inferno, sobre a terra.
Essa é mais uma aventura das eternas guerreiras amazonas, que sempre viveram lutando para preservar sua independência. Viver livre do domínio dos homens.
Há muitos séculos atrás, quando elas viviam entre os homens, viviam insatisfeitas com essa submissão. A vontade de viver livre foi mais forte e elas declararam guerra ao sexo oposto.
Desde então, foram perseguidas por todas as terras do planeta e lutam por sua liberdade.
Lutam para ter uma terra onde não serão perseguidas e obrigadas a matar. Na selva amazônica, Arethusa, rainha e sacerdotisa da tribo, há muitos séculos atrás, encontrou o lugar ideal a liberdade das guerreiras. Ali elas poderiam viver em paz sem precisar lutar contra o homem branco que não se cansa de tentar subjugá-las.
São mulheres guerreiras e não objetos sexuais dos homens. Não as desafie!
TRECHO DO LIVRO AS AMAZONAS
Capítulo I
A cidadela estava silenciosa. Parecia que não havia uma viva alma em toda a sua extensão. A noite era fria e até os animais domésticos estavam quietos em seus lugares. Dentro da Casa Grande, a velha Ariosch Mell, enrugada pelo tempo, parecia não ter sono. Sentada em sua poltrona de vime, ouvindo-a ranger os pés no chão, rememorava os dias passados. Há muito ela perdera a noção da idade. Não sabia a que tempo nascera, mas lembrava-se de todas as batalhas que participou.
Naquele momento os seus pensamentos estavam longe daquele lugar. Reviviam as batalhas passadas e os momentos que marcaram profundamente a sua vida. Sabe que aquelas lutas, aquelas batalhas, aconteceram de uma forma tão necessária que, se pudesse, as reviveria novamente. Foram feitas em nome da raça, em nome da liberdade. Neste momento uma lágrima escorre suavemente pelas suas faces.
--- A senhora precisa de alguma coisa, mãe? – pergunta, Mirina, jovem de cabelos longos e louros, de uma beleza invejável. Com 24 anos de idade, alta, bem formada de corpo, e com um par de olhos azuis que tudo observava com atenção, a moça tinha uma graciosidade nos gestos que dava a impressão de carregar em seus ombros toda a felicidade do mundo. Ela era a encarregada de cuidar da Mãe-de-Todas, como a velha sacerdotisa era conhecida. Mirina gostava do serviço e executava as suas funções com esmero. Ela chega junto à cadeira onde a velha está sentada e confere os objetos que estão ao seu redor. Ajeita os que estavam um pouco distantes do alcance da mão, e sorri satisfeita a perfeição do arranjo.
--- Não, minha filha! Não preciso de nada. A menos que possa me arrumar um par de pernas novas! – ri, da brincadeira. --- Estas daqui! – diz, batendo nas pernas finas e magras. --- Há muito deixou de servir para alguma coisa.
--- Se fosse possível, mãe, eu daria as minhas – fala, a moça, enquanto se ajoelha ao lado da velha anciã, fazendo uma ligeira massagem nas pernas secas e finas. Desde pequenina, quando foi uma das escolhidas para ser criada no templo, para ser uma ninfa da deusa Harmonia, que ela foi recebida com carinho pela velha mãe. Ariosch Mell, mesmo dedicando atenção a muitas outras meninas, cuidou dela com especial carinho, como se fosse uma filha. Foi com ela que aprendeu tudo o que sabia. Gostava sinceramente da sacerdotisa, a única mãe que conheceu na vida.
O silencio do ambiente era envolvente e Mirina deixou seus pensamentos voarem para longe. Para as primeiras lembranças que tinha da sua infância.
O primeiro rosto que se lembra de ter visto na vida, era o de Ariosch Mell. Ela sempre esteve presente em seus dias. Hoje, mulher feita, sabe a verdadeira história do seu nascimento. Seguindo uma profecia antiga, algumas das meninas nascidas em determinado ano deveriam ser separadas para serem criadas no templo e as suas vidas deveriam ser dedicadas à deusa Harmonia.
Naquele ano em que ela nasceu, de acordo com algumas características e sinais individuais, foram separadas oito meninas. Todas foram tiradas das mães na hora do nascimento para que não pudessem ser identificadas num futuro. As mães nem chegavam a ver a face da filha nascida. Assim, sem nada que as ligassem as mães, elas sempre seriam as ninfas do templo, guardiãs das amazonas, sem nenhum vínculo com as outras guerreiras.
Lembra de um dia, quando todas elas ainda eram pequenas jovens desabrochando, quando as primeiras sangras lhes apareceram no meio das pernas, que Ariosch Mell as reuniu e disse que uma delas seria escolhida para ser a sua substituta, pois estava velha e logo não poderia cumprir com as obrigações do templo.
Aquela notícia trouxe para o meio delas uma rivalidade que antes não existia. As garotas sempre foram muito amigas e viviam num mesmo patamar, iguais em tudo. Esperavam com ansiedade que chegasse a hora de assumir o posto junto à sociedade das guerreiras: o dia que seriam as ninfas do templo. Não havia motivos para brigas e invejas. Mas, a partir daquele momento, quando souberam que uma delas teria direitos e poderes concedidos somente à grande-mãe, a sacerdotisa de todas elas, a rivalidade surgiu nos olhos de todas.
Ser a Grande Mãe era uma honra que somente uma guerreira especial poderia ter e, depois de escolhida, reinaria por muitas gerações.
Uma Grande Mãe era um mistério em longevidade. Vivia um tempo muito longo, certamente mais de duas centenas de anos, mas ninguém sabia ao certo quanto ela vivia. Tinha poderes incríveis e era a soberana absoluta das amazonas. Ariosch Mell já vivia, quando a bisavó de qualquer uma das mais antigas anciãs da aldeia ainda não havia nascido.
--- Está muito pensativa, minha filha – percebendo o rumo dos pensamentos da moça. --- É bom se lembrar da infância, filha! É como se vivêssemos novamente aqueles momentos – diz, sorrindo, enquanto segura uma mecha do cabelo da moça. --- Você sempre foi muito sapeca! – fala, Ariosch Mell tirando-a dos seus devaneios.
--- Nada se esconde da senhora, mãe! Verdade! Estava viajando no tempo - responde Mirina com um sorriso no rosto. Nunca conseguia entender como a velha “ouvia” os seus pensamentos como se estivessem em um livro aberto. --- Sabe, às vezes, tenho vontade de saber qual destas guerreiras é a minha mãe verdadeira – fala, sonhadora. --- Não que esteja reclamando do carinho que recebo. Não. Não é isso! Sei lá! É uma espécie de elo que, mesmo querendo, não consigo desvencilhar.
--- Entendo – responde, a outra, pensativa. --- Você sabe que esta foi a melhor forma que conseguimos para nos separarmos da aldeia, não sabe? – pergunta, segurando as mãos da moça sentada aos pés da cadeira de vime. --- Comigo, também, foi assim, minha filha. Nunca conheci minha mãe, do mesmo jeito que você não conhece a sua! Mas, sabe, algum dia você vai descobrir que se soubesse qual daquelas guerreiras é a sua mãe biológica, não teria condições de decidir sobre a vida dela. Assim, se o destino mandar, ela será julgada com imparcialidade. É uma guerreira, como qualquer outra. Não terá peso na consciência e nem o constrangimento de julgar a própria mãe.
--- A senhora sempre tem respostas que nos acalma, mãe – fala, a moça, com humildade.
--- Não havia pensado desta maneira - continua, depois de uma pausa - Desculpe, não sou ninguém, para ficar questionando suas decisões...
--- A nossa sociedade é baseada na liberdade de cada uma de nós, filha – volta a falar, a velha, cortando a palavra da moça. --- É baseada na liberdade de todas nós. E eu não sou nenhuma deusa, que sabe de todas as verdades e respostas! Apenas falo de coisas que a vida ensinou, ao longo dos meus anos.
--- A senhora é um espelho para mim! – fala, a moça com admiração.
--- Você se lembra da primeira vez em que bebeu o Sangue-Rei? – pergunta Ariosch Mell, cortando a fala da moça e mudando o ruma da conversa.
--- Sim, senhora! Nunca vou esquecer aquele dia! – responde, enquanto aquela sensação de desespero invadiu novamente o seu coração, como da primeira vez. Lembra-se que o salão naquela noite estava repleto de guerreiras, todas vestidas com as suas melhores roupas e ostentando os seus troféus de guerra.
Naquele dia, um silêncio estranho pairou no ar quando Ariosch Mell, envolta num manto bordado e cheio de estrelas azuis, com ar solene chamou as jovens para se apresentarem à frente do altar. Mirina e as outras ninfas, jovens inexperientes, mal começando a vida e cheias de temor, se levantaram e caminharam com passos vacilantes até a sacerdotisa. Apesar de há muito saberem que este dia chegaria, estavam mortificadas de medo.
--- É chegado o momento da iniciação! – fala, se dirigindo às moças.
Foi há tanto tempo e agora parece ter sido ontem, o dia do festival. Mas já se passaram dez anos. A selva continuou a mesma, os corpos das jovens se desabrocharam e se transformaram em mulheres lindas e devotadas à deusa. Amigas novamente, depois da escolha confirmada.
--- Você é sábia, milha filha, - fala, Ariosch Mell, tirando-a de seu devaneio - nunca se rebela ou recusa aceitar um fato. Isso é bom. Principalmente por que é chegada a hora de você ser a primeira-mãe! Já não tenho forças para fazer minhas obrigações e não podemos correr o risco de deixar a aldeia desguarnecida do poder do Sangue-Rei.
--- Ainda veremos muitas luas juntas, minha mãe - responde a moça, tentando adiar o momento.
--- Deixa disso!
--- Foram estas mesmas palavras que a senhora usou há, mais de dez anos, quando houve o ritual de aceitação! Dizia que estava no fim, no entanto, ainda está aí! Firme e forte! – sorri, com carinho
--- Estou velha!
--- Dentro deste seu corpo ainda têm muita vida! – continua, mas sabe que a outra está nos seus últimos dias. Mal consegue levantar-se sozinha do seu leito. Para chegar até o grande salão, onde estavam reunidas, era preciso da mão de alguém. Os dias que ela carregava nas costas eram muitos.
--- Não precisa tentar adular a minha mente, filha! Sei que o fim está próximo. Foi assim que aconteceu com Arthenusa, a mãe que sucedi – fala, enquanto passa a mão carinhosamente pelos cabelos da moça. --- Quando olho para você, sentada aos meus pés, lembro-me do que aconteceu há muito tempo atrás, quando estava sentada neste mesmo lugar. É como se fosse uma repetição daquele momento – fala, com a voz cansada.
--- Não queria que ela morresse, - continua - mas ela sabia que era chegada a sua hora e foi corajosa. Coisa que não estou conseguindo ser – ri, da sua franqueza. --- Sei que o tempo para mim chegou ao fim. Estas paredes têm olhos e ouvidos muito antigos e certamente irão presenciar muitas coisas ainda, mas eu não estarei aqui. Por isso pensei em Arthenusa. Tenho certeza de que ela e outras mães estão aqui do meu lado.
--- Senhora...
--- Fiquei quieta! –diz, com autoridade. --- Hoje é o dia – fala, com voz suave. --- Não vou estar aqui, quando o sol nascer. Mas quero poder subir nos seus raios e desaparecer no infinito! – continua, com a voz calma e segura. --- Demorei mais tempo que o permitido para ver o seu amadurecimento. Prepará-la melhor! Seu corpo está feito, as carnes firmes e fortes. Os tempos são outros e os nossos inimigos de hoje, a cada dia estão diferentes dos de ontem. São mais perigosos e possuem armas que não temos! Nunca desistirão de acabar com nossa gente. Por isso, mais do que todas nós, você precisará ter a mente sábia, ter sabedoria! Isso é o que importa agora!
A moça abaixa a cabeça e fica em silêncio ouvindo a voz da matriarca. Não podia deixar de reconhecer que ela tinha razão. Os inimigos mudaram muito, desde quando ela era pequena. Havia muito mais daqueles homens de pele clara na floresta. Eram diferentes dos índios com quem elas ocasionalmente dividiam o corpo. Os índios eram nascidos ali e desde sempre respeitavam os limites impostos por elas. Até os tributos exigidos eles pagavam sem guerrearem. Aqueles outros homens nada respeitavam e queriam mais. Queriam a aldeia!
--- Está ouvindo, filha? – pergunta, Ariosch Mell, tirando-a de seus pensamentos.
--- Sim, senhora. Estou ouvindo.
--- Hoje você é uma mulher feita. Não fosse o seu voto de castidade em oferenda aos deuses, teria muitas pretendentes. Muitas guerreiras brigariam por sua causa!- dá um pequeno sorriso.
A moça ouve em silêncio. Não podia contestar nada do que a velha esta dizendo. Recordava-se que, de todas as moças que foram separadas para o templo, somente ela conseguiu suportar o Sangue-Rei. Outras, mal engoliam o musgo verde e desabavam no chão, inconsciente. Quando voltavam à realidade ficavam dias, perdidas no tempo. Seus corpos por muitas luas mal se sustentavam. Mas ela o resistiu. Só este fato bastaria para que ela, mesmo que não quisesse, fosse obrigada a devotar sua castidade para a deusa.
Lembra da primeira vez que bebeu o líquido sagrado. Era a época das chuvas, e as guerreiras não queriam sair para caçar. Ficavam nas casas fazendo jogos de amor. Naquele dia, depois que engoliu a porção mágica, foi como se o seu corpo tivesse sido atravessado por milhões de agulhas afiadas. Seus olhos esbugalharam e quase saíram de órbita. O chão em poucos segundos pareceu uma grande boca que a tragava rumo ao infinito. Mas ela conseguiu se afirmar antes de cair no chão e, para surpresa de todas as guerreiras, se ergueu novamente, com os olhos em brasas. Ariosch Mell, apenas sorriu, como se já soubesse o resultado.
Enquanto as outras jovens foram carregadas para os seus aposentos, guardadas por amas leais, para se recuperarem, Mirina foi levada pelas mãos de Ariosch Mell, para se sentar ao seu lado, junto da grande poltrona de ossos centenários.
--- Hoje é o grande dia, já disse – volta a falar, a grande sacerdotisa, tirando-a dos seus pensamentos, trazendo-a de volta à realidade da aldeia. --- Neste momento da noite, quando o tempo pára no espaço, é chegada a hora da transmutação! Não tema, minha pequena – fala, a ver o olhar assustado de Mirina. --- O que vamos fazer agora, já foi feito muitas vezes. Não tem perigo para você, a não ser o fardo que colocarei em seus ombros. Não fui eu quem decidiu quem poderia receber o poder. E não será você quem decidirá, quando chegar a sua vez – fala, com sabedoria. --- Só saberá quem será a escolhida. Olhe nos olhos dela! Como fiz com você. Sempre soube que seria você a me substituir!
--- Mãe...
--- Espere. Deixe-me terminar. Você sabia que o dia estava próximo, não sabia? Sim! Eu sei que sabia – fala, olhando para os olhos da moça. --- Mirina, nunca se esqueça de que somos as últimas da nossa raça. Em seus ombros estará a preservação de todas nós! Terá momentos em que desejará não ter nascido! Desejará não ter de fazer o que precisa ser feito! Mas deve fazer a sua obrigação! A raça está acima de todas. Nós somos as Icamiabas! As guerreiras amazonas! Em suas mãos estará o destino de milhares de gerações e de centenas Mães-de-Todas! Espero que não seja a última – fala, cansada. --- Os tempos são outros, filha! Seja sábia, como sempre foi.
--- Mãe... Tenho medo!
--- Você é única, minha filha! Não tenha medo do seu destino! Chegará um tempo em que as pessoas a temerão muito mais por causa da sua sabedoria, do que pelo seu poder. Lembre-se, Mirina, a vitória nem sempre é feita pela guerra. Evitar a morte é muito mais difícil do que matar o inimigo. A morte sempre estará à espreita. O inimigo, se contornado, poderá ir embora, cansado por não encontrar adversário para sua ira. A recusa de viver matando é mais nobre do que a valentia de matar sem razão. Lembre-se sempre destas palavras e seja o que sempre foi! Uma guerreira sábia!
--- Mesmo sabendo que nada posso fazer, sei que está com a razão – responde, a moça, depois de alguns instantes em silêncio. --- Vou chamar as outras, para nos prepararem...
--- Eu já fiz isso! Em poucos minutos estarão todas aqui.
--- Mas, como? Não saiu daqui...
--- Este é apenas um dos pequenos segredinhos que herdará! – fala, com um sorriso. --- Quando for a mãe, saberá se fazer ouvir nas mentes de todas – ri, do olhar estupefato da moça. --- Viu? Como me diverti. Tantas vezes e tantas com respostas erradas. Ah! Ah! Ah! Até mesmo as puras e devotadas, às vezes, tenta nos enganar! – continua sorrindo. --- Mas não se preocupe, nunca vi nada em sua mente que não fosse permitido!...
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